Morada: Rua das Portas de Santo Antão, nº 23
Telefone: 21 342 14 66
Site: www.gambrinuslisboa.com
E-mail: info@gambrinuslisboa.com
Sócios Fundadores: Hans Schwitalla e Claudino Sobral Portela
Proprietários: Ana Seoane e Dário Afonso
Autor: Arq. Maurício de Vasconcelos (1960)
Artigos: Cervejaria e restaurante de cozinha tradicional, com serviço de barra, em três ambientes distintos: sala grande, sala pequena e barra. Especialidades mais afamadas: sopa rica de peixe, empadão de perdiz, pregado em court-bouillon e eisbein com choucrute. Peixe fresco e marisco. Crèpes Suzette, mousse de avelã, soufflé de baunilha. Estacionamento privativo valet parking. Não fecha para férias nem faz pontes e está aberto todos os dias do meio-dia à uma e meia da manhã. Serviço fora de horas (jantares prolongados, entre refeições ou para terminar a noite).
Decoração: A decoração actual do Gambrinus data de 1964, ano em que foi remodelado e ampliado segundo projecto do arquitecto Maurício de Vasconcelos, sendo sua a responsável da decoração do restaurante, bem como o desenho exclusivo dos candeeiros, das mesas e das cadeiras em madeira e couro português, gravadas com o escudo do restaurante. Estas gravações foram efectuadas pelo escultor José Aurélio, bem como as estátuas de bronze na montra do bar, representando o mítico “rei-deus”.
A sala grande (com capacidade para 80 pessoas) é conhecida por Sala da Tapeçaria, por nela se encontrar a obra exclusiva do pintor e artista plástico Rolando Sá Nogueira (1921-2002), representando “As Quatro Estações”, assim como os vitrais alusivos ao Rei Gambrinus e à fabricação da cerveja, do mesmo autor. A sala pequena (para fumadores), mais discreta e acolhedora, reúne alguns quadros a óleo e aguarelas de vários autores portugueses.
O Gambrinus expõe também antiguidades várias, incluindo porcelanas da Companhia das Índias. A madeira utilizada na sua decoração é essencialmente exótica e todo o mobiliário é de época, realce ainda para a monumental lareira em granito português.
História: A 14 de Julho de 1936, é inaugurado o Gambrinus no espaço anteriormente ocupado por uma tasca, tendo como sócios fundadores Hans Schwitalla, que se havia radicado no nosso país, e Claudino Sobral Portela, genro do alemão Schwitalla, que com as suas qualidades de trabalho, inteligência e iniciativa, imprimiu ao restaurante das Portas de Santo Antão um estilo próprio, ao gosto dos clientes mais exigentes. Gambrinus, rei da Flandres e da Brabante, patrono dos cervejeiros, foi o nome escolhido para o restaurante, e com a divisa “tudo o que o mar nos dá” para bem servir, rapidamente alcançou fama a breve trecho, valorizando-se progressivamente até ser classificado restaurante de luxo.
Em 1960, entram para a sociedade proprietária 3 novos sócios com provas dadas no ramo da hotelaria, passando a fazer parte da firma, além de Claudino Sobral Portela, Armindo Seoane, Fernando Teixeira e Jaime Domínguez, que se empenharam no engrandecimento do restaurante, cada vez mais conhecido e qualificado de utilidade pública. Em 1964, leva-se a cabo uma importante remodelação, que dá origem ao Gambrinus actual. Dário Afonso, no Gambrinus desde 2 de Fevereiro de 1964, fará parte da Gerência em 1999.
No dia 30 de Janeiro de 2005, um incêndio deixa a Sala Grande completamente destruída. Mas ninguém se rende, e durante um mês e meio, enquanto se efectuavam as obras na sala danificada, o Gambrinus continuou a trabalhar a pleno rendimento na Sala Pequena, actual sala para fumadores, e no balcão. Mais recentemente, em 2007 a equipa é renovada com a entrada de Ana Seoane, filha de Armindo Seoane.
O Gambrinus é desde 1964 sinónimo de luxo, requinte e alta cozinha tradicional, uma das casas mais célebres de Lisboa e do país. Localizado no coração da cidade, paredes-meias com teatros e casas de espectáculos, a sua clientela é vasta e variada, com especial realce para artistas, políticos e um sem-número de personalidades.
Curiosidades: O Sr. Dário Afonso começou como empregado de mesa do Tavares Rico, aos 13-14 anos de idade, espaço em relação ao qual guarda excelentes recordações, como, por exemplo, a do então Presidente da República, Almirante Américo Thomaz, que sempre queria ser atendido pelo “rapaz do Belenenses”. Foi essa “escola” do Tavares que o Sr. Dário Afonso pretendeu e conseguiu incutir ao Gambrinus e que se resume em assegurar uma qualidade irrepreensível a todos os níveis, desde logo no pormenor do atendimento e no trato com os clientes. A preocupação é: não mudar.
O Gambrinus continua a servir como sempre serviu e 90% do seu pessoal tem 20 anos de casa, gostando e tendo orgulho no que faz e nem mesmo o incêndio já referido, e de quem ninguém soube, o fez parar, mantendo-se o restaurante a funcionar e aproveitando-se o facto para se fazer a remodelação de alguns locais como as casas de banho, que eram antiquíssimas, sendo a das senhoras de diminuto pé-direito, de tal forma que as clientes só podiam lá entrar agachadas.
Episódios pitorescos têm sido muitos ao longo de todos estes anos, desde logo o de certo cliente habitual muito abastado, que vendo, da mesa de cima, o que outro comia na mesa de baixo, se apresta a perguntar: “o que é aquilo, é lagosta?”. Perante a resposta de que eram lagostins – o prato mais caro do restaurante -, riposta: “e porque ainda não os comi? posso comê-los como sobremesa?”. Trazidos os lagostins com chantilly, gostou tanto que passou a comê-los dessa forma.
O momento de glória do Gambrinus é até hoje aquele em que, por alturas da Expo’98, foi visitado por membros de determinado corpo diplomático do Extremo Oriente com a missão de ali prepararema vinda de uma grande individualidade para jantar. Uma individualidade tão importante que pretenderam montar um biombo para a resguardarem enquanto tomasse a refeição, exigindo também um sofá e uma casa de banho. E em circunstância alguma poderia a individualidade ser olhada olhos nos olhos pelos funcionários do restaurante. Também deveria ser colocado um tapete encarnado. Perante a recusa do Sr. Dário em aceitar as exigências que lhe faziam, foram-se embora. No dia a seguir, apareceu a individualidade e foi-lhe servido o jantar como ao comum dos clientes: uma refeição de 4-5 pratos em que a única extravagância consistiu na obrigatoriedade se retirarem imediatamente os pratos da mesa sempre que terminava um dos pratos, independentemente dos demais comensais terem acabado ou não de comer. No final, a individualidade apressou-se a dar um abraço efusivo ao Sr. Dário, olhos nos olhos, e agradeceu o magnífico repasto. Era o Imperador do Japão.
Protecção: Está inserido na Lisboa Pombalina classificada Conjunto de Interesse Público (2012)
Horário de funcionamento: Aberto todos os dias das 12h à 1h30 da manhã.