Morada: Largo de Santo António da Sé, nº 4
Telefone: 21 887 04 55
E-mail: estreladase@gmail.com
Proprietários: Alexandre Ferreira e Dolores Fernandes
Descrição: Restaurante, composto por seis salas pequenas, separadas por divisórias de madeira (reservados ou gabinetes). Especialidades: Entradas: Morcela frita; Chouriço assado e Gambas fritas à algarvia. Peixe: Bacalhau à Brás. Carne: Alheira frita; Favas guisadas; Bife à Estrela da Sé e Iscas à Portuguesa. Doces: Toucinho-do-céu e Pudim flan, pratos tradicionais que a casa faz questão de manter. Grande parte dos produtos frescos vem da vizinha Casa Alves.
Decoração: A estrela, do “campo das estrelas” (Compostela), a Santiago da Galiza, local de origem de Agapito Serra Fernandes, a quem está ligada a história deste pequeno e carismático restaurante de Lisboa, é o elemento decorativo principal do mesmo, nos seus detalhes em madeira, nos vidros, nos azulejos e na calçada (onde já esteve e não está). Possui vários reservados forrados a madeira de pinho (originalmente pintados de verde) e mobilados de forma sóbria e discreta, com mesas com tampo em lioz e cadeiras em mogno.
História: Antiga casa de pasto fundada em 1857 por Agapito Serra Fernandes, tio-avô de Dolores Fernandes (e cuja filha, Rosalinda, foi madrinha de baptismo de Dolores), a Estrela da Sé é um restaurante intimista e totalmente familiar, uma vez que Dolores (socióloga) entrou a trabalhar no espaço em adolescente, Alexandre (engenheiro electrotécnico) serve à mesa e faz pequenas reparações amiúde, e a cozinheira é a mesma desde há 52 anos, sendo que é também mãe da primeira e sogra do segundo.
Protecção: Consta do Inventário Municipal (nº 52.48) anexo ao PDM, e está inserida na Lisboa Pombalina classificada Conjunto de Interesse Público (2012) e na lista das lojas classificadas pelo Programa Lojas com História (2017)
Curiosidades: A Estrela da Sé sempre conta desde sempre com uma clientela diversificada, oriundos da vizinhança e de todas as classes sociais, a personalidades da vida literária, artística, política e boémia, vindas de outras partes da cidade e de fora. Desde logo, o maestro António Victorino d’Almeida, que não só tem direito a um reservado só para si como é na Estrela da Sé que costuma receber a correspondência. Mário Soares, enquanto esteve preso no vizinho Aljube, costumava “encomendar” as refeições à Estrela da Sé, cuja empregada lhe levava em mão os pratos por ele escolhidos.
Aliás, a característica principal da Estrela da Sé sempre residiu na sua clientela e na estreita relação que se foi estabelecendo ao longo dos anos com muitos clientes, funcionando o espaço como um verdadeiro clube: até há relativamente poucos anos havia um grupo de clientes que ficavam com as chaves do restaurante quando os donos saíam, alguns deles confeccionavam a própria refeição, fechavam a porta e na manhã seguinte, pelas 7h, entregavam as chaves e pagavam a conta. Hoje é impossível.
Foi por mero acaso que o Pai de Dolores Fernandes, há cerca de 50 anos, ao retirar de um painel de madeira os estilhaços de uma garrafa que acabara de partir, reparou que a madeira ficava muito melhor na sua cores originais, começando então a retirar à mão a tinta verde de cada um dos painéis dos reservados.
Até há pouco tempo, a Estrela da Sé mantinha as suas tão características cortinas, que foram retiradas, diz-se, por servirem algumas vezes de “guardanapo” a clientes menos escrupulosos. Alexandre Ferreira deseja voltar a tê-las nos gabinetes, tal como espera um dia refazer o balcão neo-gótico em falta, refazer a placa exterior que esteve dependurada na fachada em lança de antanho até há pouco tempo e a célebre estrela negra na calçada defronte à entrada. E, quem sabe se num futuro não muito longínquo não será possível à Estrela da Sé voltar a ter a funcionar as torneiras de origem, em latão, a brotarem cerveja fresca, embora já não da cuba de gêlo proveniente da Ribeira, como antigamente.
Horário de funcionamento: Aberta de 2ª Feira a 6ª Feira das 12h às 15h e das 19h às 22h (só serve jantares durante o Verão).